Sobre Emma - Jane Austen

Há quem qualifique Emma Woodhouse como uma jovem mimada e imatura — quando pressupõe conhecer todas as verdades sobre a alma humana —, que ao longo da história se torna madura e aprende a respeitar os desejos e as atitudes alheias. No entanto, tenho uma ressalva: mesmo não tendo má índole, a Srta. Woodhouse é o retrato de sua classe: supõe-se superior aos demais por sua fortuna, beleza e inteligência e frequentemente distingue as pessoas entre seres elevados ou inferiores, de acordo com sua educação, patrimônio ou relações sociais. Não podemos julgá-la boa ou ruim, uma vez que seu comportamento reflete a condição de moça tratada com mimos e altamente reverenciada por todos ao seu redor. Aliás, essa característica de diferenciação das pessoas por sua classe social ou gostos, pela sua perspicácia ou tolice, é marcante na obra de JA. Li Persuasão e estou envolvida com Razão e Sensibilidade e nessas histórias também é comum a detecção desses traços. De certo modo, as mocinhas casadoiras (astutas e bobas), velhas mexeriqueiras, homens vaidosos e estúpidos, galãs ensimesmados e amores proibidos ou convertidos em matrimônios constituem a sociedade rural da qual Jane Austen fazia parte. Mas, é óbvio, que soma-se ao relato da época os toques de romantismo, crítica aos costumes, lirismo e uma pitada da acidez inglesa de Austen.

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