A bordo

Acabo de subir a bordo de um navio sem destino certo. Ele navegará pelas águas da minha mente e desbravará cada nuance do meu íntimo. Passará por cemitérios de embarcações naufragadas, encontrará geleiras, ilhas perdidas no nada e triângulos das bermudas infinitos. Talvez haja alguns sobreviventes bradando “Wilsonnnnnnnnnnnn” em alguma ilhota perdida, mas só serão salvos aqueles que provarem ter serventia ao meu viver. O resto será revisto, inquirido e arquivado. A carta náutica terá locais, pessoas e acontecimentos apagados.


As águas, estou certa, ficarão mais calmas após essa investigação minuciosa. Posso descobrir Américas, encontrar Atlântida, quem pode determinar se isso acontecerá ou não? Fazer a escolha de organizar as bagagens, acertar a bússola e seguir em frente é difícil. Mas para se conseguir avanços é necessário olhar para trás com os olhos cheios de amor e boa vontade de entender e esquecer o que já se foi.

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