Esquecer

Esquecer de algo é dar espaço à chegada de renovados acontecimentos e emoções. Abre a perspectiva de que novas experiências - melhores ou piores que as anteriores - se façam presentes e fiquem conosco até que um novo adeus seja necessário. A questão é: o que fazer para esquecer, de verdade? A gente, na maioria das vezes, pensa que esqueceu, mas isso não é verdadeiro.

Vivemos com a ilusão de que sempre é possível apagar tudo o que havia impresso no repositório das lembranças e traumas, mas será que isso é possível para os humanos? Sempre que o meu presente tem qualquer semelhança com algo que vivi ontem, um link se estabelece.

Acho que é mais difícil apagar da memória aquilo que não temos certeza; o que não sabemos a razão de ter acontecido; ou ainda as tristezas que acreditamos não termos merecido. São os terremotos. As catástrofes. As perguntas sem nexo ou aquelas sem respostas ou que não foram formuladas. A música que não toca mais. O rio que secou. O adeus nunca dito. A frase e a lágrima engolidas.

A gente não esquece. A gente somente se conforma com aquilo que não é possível mudar.

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