Assim como há esvaziamentos de sentidos para as ideias, ou seja, quando se aborda inúmeras faces de um tema até esgotá-lo, o mesmo acontece com os sentimentos. No início, eles são múltiplos, difíceis de interpretar, complexos, impossíveis de serem mensurados.

O tempo, ah o tempo.

Inimigo e aliado simultaneamente, uma vez que por um lado traz rugas e flacidez, mas por outro promove o esquecimento, tornando desbotado o que um dia teve mais nuances que o arco-íris. As pessoas, os acontecimentos, as coisas outrora tridimensionais, tormam-se borrões ou contornos pálidos sem nenhuma perspectiva. São como os grandes feitos da história do homem: ontem, determinantes para o destino de uma nação; hoje, somente mais capítulos de um livro empoeirado ou uma página à toa na Wikipedia.

O passado que é esquecido por um, torna-se a razão do presente e do futuro de outrem. E a vida que morre aqui, ganha novo fôlego acolá. É o milagre da existência, que cura corações feridos, arrefece mágoas e amores mal curados e semeia paixões, carinhos e alegrias em campos sabidamente inférteis.

O tempo, ah o tempo.
Senhor da vida e da morte.
Do sim e do não.
Do hoje e do amanhã.
Do amor, do adeus e do perdão.

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