Um dia chuvoso estimula a reflexão...

De repente me vi tentada a escrever. Um dia chuvoso e preguiçoso é um estimulante natural à reflexão, e, por conseguinte, à escrita. Mas dissertar sobre o que? Sobre as pesquisas que atribuem o aumento do número de suicídios aos dias cinzas? A alegria em ver a terra receber a água da chuva e promover o nascimento em profusão de flores primaveris? Ou a dificuldade que as comunidades carentes encontram em decorrência de enchentes, deslizamentos de terra? Os temas são extensos, mas nenhum me atrai. Quero apenas realizar os movimentos no teclado. Sentir meus dedos se agitando entre letras perdidas e construírem algo lógico. A alquimia de transformar signos perdidos em idéias.

O mundo todo cabe em um pedaço de papel ou na tela de um computador. Uma versão reducionista, obviamente, mas um relato que poderá ser analisado, com o qual se poderá concordar, discordar, refutar, até se enojar...Mas nada proferido ou descrito morre sem ser avaliado. Nem que seja uma única vez.

Qual o sentido de viver uma experiência sem dividi-la? Mesmo que seja com seu travesseiro. Nada fica armazenado para sempre. As verdades, os medos, os anseios, as falhas e as culpas acabam descortinadas. O tempo que isso leva? Isso é uma incógnita. Até porque a noção de tempo é relativa!

O importante é ficar registrado que nossos sentimentos, ações, idéias e vontades nunca se escondem a vida toda de nós ou daqueles que nos cercam. O velho clichê me vem à mente: não há bem que perdure nem mal que prevaleça (acho que é isso). Essa visão me conforta. Pensar que as coisas são efêmeras, que a roda gigante não pára e que a chuva se dissipa me impele a continuar trilhando meu caminho. Eu tenho menos vontade de olhar para trás, embora meu coração seja bastante saudosista...nostálgico. Eu preciso de fantasia. De historinhas. De fábulas urbanas. Sejam elas curtas ou epopéias intermináveis.

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