A última entrega

E aquele encontro fora tão triste... Ele a olhou com certa ternura, mas não com o ardor de outrora. Ela parecia uma menina frágil, entregue em sua totalidade. Os olhos dela, cor de avelã, pareciam mais escuros na sala iluminada apenas por luzes indiretas. Quanta inocência e marcas de dores passadas emanavam daquela mulher com semblante pueril.

Ele a tomou nos braços, depois de o desejo brotar em ambos, e a conduziu à alcova. Tudo se desdobrou em lances vagarosos e mornos. O macho cumpria seu papel de predador, mas não com a desenvoltura esperada. Era um belo homem, com traços exóticos e um olhar que combinava mistério, doçura e uma frieza que às vezes evidenciava. Essa característica escamoteada com cuidado posteriormente revelou-se forte o bastante para minar aquele romance de fantasia.

Saciados os desejos da carne, cada um encerrou-se em seu mundo particular. O homem, a esfinge a qual jamais seria decifrada pela parceira, calou-se e a abraçou simplesmente. Ela retribuiu o gesto e o acariciou gentilmente nas costas. Suas mãos desciam por toda extensão da retaguarda do homem. Enquanto repetia os afagos, sentia vontade de chorar.

Aquele momento para sempre ficaria na memória dela. Não contabilizou o tempo que permaneceu enlaçada ao seu amor. Sentiu que aquela seria a última vez que ele se entregaria de verdade a ela. Fora a despedida silenciosa. O aviso do fim.

Postagens mais visitadas