O progresso a serviço do retrocesso


Hoje faltou luz em meu prédio e em alguns imóveis adjacentes. Esse fato levou-me a refletir sobre o mundo sem energia, visto que as fontes de fornecimento estão se esgotando e o colapso já está mais do que anunciado, e a comparar a vida de nossos antepassados com a nossa.
Ao primeiro sinal do blecaute de pequenas proporções, senti uma intensa vontade de ler, nostalgicamente, à luz de velas. Recordei-me das histórias dos antigos, que se recolhiam cedo a seus leitos, simplesmente por não terem o que fazer. Os poucos notívagos entregavam-se ao deleite da leitura, com auxílio dos lampiões.
Hoje, televisões, computadores, aparelhos de som e dvd, videogames, entre outros ícones da era moderna, nos proporcionam entretenimento. A tecnologia, a intensificação da industrialização e a facilidade para aquisição desses produtos tornaram possível o “sonho” das classes mais empobrecidas de terem suas casas equipadas com eletroeletrônicos. No entanto, até quando se poderá alimentar a demanda crescente?
O boom consumista impulsionou o crescimento das empresas e possibilitou o fenômeno da globalização. Conseqüentemente, houve maciços investimentos em novas invenções para aprimorar as técnicas de produção. Os apagões ocorridos demonstram que se não encontrarmos alternativas para manutenção dessa estrutura, as conquistas no campo das descobertas se tornarão inúteis, as pessoas ficarão desempregadas e voltaremos à estaca zero na linha da evolução científica e tecnológica.
Petróleo, energias eólica, hidrelétrica ou sintética, xisto betuminoso, afinal, o que de fato, nos salvará das trevas? Será que voltaremos a viver sob as luzes provenientes das velas? Caso a solução não seja encontrada, conheceremos o lado negativo dos avanços tecnológicos. O regresso será o filho ilegítimo do progresso.

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