Dizem que as lembranças são só nossas. Quem participou de uma dessas aventuras que insistem em martelar nossa mente lembra de tais situações de forma distinta e provavelmente mais vaga do que nós. É impressionante como os anos vão passando, exteriormente tudo muda - o mundo, nós, as pessoas que conhecemos - , e ainda assim existem tropeços, amores, infantilidades e alegrias que não saem dos pensamentos e do coração. 

É como um ser adormecido que acorda de tempos em tempos por causas desconhecidas. De repente, ele se espreguiça e fica lá ruminando, mostrando que "está na área", enfim demonstrando o quanto são inúteis as tentativas de apagar nosso passado.

Basta uma palavra, um som familiar (voz, música) e tudo está lá de novo: o que é bom e o que nos machucou. Quisera poder usar uma blindagem contra isso tudo e minimizar essa tristezinha que desponta às vezes. Quanto mais adultos ficamos, parece que nossos sentimentos e sonhos vão se tornando "desimportantes" (nem sei se isso existe).

A rotina, as regras, as obrigações, a falta de tempo para as coisas e pessoas de que gostamos vão nos tornando frios, duros e indiferentes. Sem as paixões insensatas da juventude vamos nos preocupando com o lado prático das coisas, deixando nossas fragilidades e desejos para trás. O mais engraçado é que não há como determinar um marco causador dessas transformações. Elas surgem e ponto.

Alguém inventa uma máquina do tempo, por favor? 

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