Todo começo tem um fim e todo fim tem um começo. Ouvi isso certa vez, há muito tempo, e, desde então, essa frase me acompanha. Estamos sempre envolvidos com pontapés iniciais e apitos finais. Isso acontece nos relacionamentos com as pessoas, lugares, situações. O ato de conectar e simplesmente desligar, assim como no mundo tecnológico, se dá automaticamente. Claro que as lembranças, o medo do novo e a desconfiança em relação ao período de transição impactam os sentidos e nos diferenciam das máquinas.

Para mim é sempre doloroso abrir mão de um "status", mesmo que este tenha me trazido dissabores. Sou bastante cética em relação ao que não conheço, mas me cobro constantemente para não me acomodar jamais e me desafiar sempre que for necessário. Se até os campeões de lutas colocam à prova seus títulos, porque eu não posso arriscar um pouco mais? É um grande paradoxo, mas não dizem que os conflitos são inerentes à alma humana?

Ficamos estagnados entre a insatisfação com o momento presente e o medo de se aventurar em busca de novidades. É como morrer e ir ao limbo, sem previsão da chegada à morada santa ou aos deleites pecaminosos. Serei eu este ser em cima do muro, perdido em suas escolhas, a refletir sobre prós e contras intrínsecos às decisões?

Não me vejo tocando harpa, muito menos ardendo em um caldeirão, mas ponho-me a pensar sobre a bagagem que levo comigo e fico indignada porque nunca temos subsídios suficientes para acertar o caminho a ser percorrido. Fosse eu iluminada pelos poderes de clarividência, seria mais feliz e certamente auxiliaria outrem a definir suas jornadas.

Na condição de mera humana, mortal, vulnerável a virtudes e defeitos, movida por paixões salpicadas por momentos de lucidez, minhas reflexões não modificam destinos nem tampouco dissolvem incertezas...infelizmente.

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