Caldeirão

Global, regional, individual, coletivo...que designações são essas aplicadas a fatias, agrupamentos e organizações sociais que categorizam o que somos, pensamos, como nos comportamos, o que consumimos e até o que sentimos? Reflito bastante sobre a dinâmica desses elementos enquanto caminho nas ruas de uma das maiores metrópoles do mundo.

Embora numeroso, o espaço urbano dita que a solidão é o caminho natural a ser seguido. Grandes distâncias geográficas coexistem com a separação dos corpos e mentes. As pessoas acabam estratificadas em guetos e tribos divididos por regiões, bairros, ruas.

O mais interessante, no entanto, são os pontos da cidade caracterizados pela miscelânea de cores, estilos, classes sociais e crenças, em que todas as diferenças são aceitas e convivem em harmonia. Uma situação digna de estudo antropológico!

No início, numa atitude caipira e cheia de estranhamento, é impossível não deter o olhar sobre um alargador gigante na orelha de um rapaz, os cabelos roxos de uma menina, um casal homossexual aos beijos sem esconder seus sentimentos. Enfim, é o espaço aberto a manifestações libertas das amarras, dos preconceitos, dos maneirismos tradicionais.

Esse expressivo caldeirão deveria ser exemplar. O respeito à diversidade é um traço inerente à civilidade; entender o outro sem julgá-lo é o primeiro passo para que nos tornemos melhores e aceitar as pessoas como são é prerrogativa para evitarmos sofrimento, dor, perseguições.

Na agitação das ruas das grandes cidades estamos sós, mas podemos ser quem quisermos, sem dar satisfações a outrem. Temos a liberdade de escolher se desejamos o anonimato das multidões ou a aceitação de um grupo, uma vez que necessitamos às vezes de contato com nossos pares. Fica a gosto do freguês.

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