O vácuo do matrimônio
Um dia ela lhe disse que o amava e que morreria por ele. Ele estava triste, porque não a odiava, mas tampouco a queria reinando em sua vida. Ela lhe preparava a comida todos os dias, lavava suas roupas, afagava-lhe a nuca gentilmente quando ele chegava em casa mal-humorado e se sentindo injustiçado pelos seus superiores. Enquanto os programas de televisão noticiavam ataques terrosristas, assaltos, assassinatos, sequestros e desaparecimentos, ela cantarolava músicas populares e preparava uma receita nova de bolo. -Hummmmm...vamos ver se esta receita da Martinha é boa, - pensava alto-, enquanto preparava com esmero o quitute.
Ele a olhava com impassibilidade, mas uma chama lhe queimava as entranhas. Não amava mais aquela mulher. Sentia uma certa pena ou seria ternura branda? Não sabia explicar, mas há muito não tocava suas carnes roliças e afogueadas. -Não...não a imagino mais sussurrando palavras de desejo...nem arfando sobre mim...O tempo passou e nós não nos demos conta!
E dia após dia ele seguia para o trabalho e pensava naquela situação capciosa. Precisava dar um basta, mas não queria destruir aquela que fora sua companheira por anos. E, mais uma noite, retornou ao lar, tomou sua sopa, assistiu às tragédias mundiais na televisão e se recolheu. Mas nesta noite não conseguiu dormir. Ruminava pensamentos sobre como abandonar aquela mulher. Levantou-se. Foi até a janela e sentiu o frescor da madrugada. Não hesitou diante do fragmento que lhe veio na mente. Reuniu uma muda de roupas e saiu. Encaminhou-se a uma das casas de tolerância mais conhecidas da cidade. Deleitou-se com as mercadorias expostas. Preço salgado, benefício grande. E dormiu feito um bebê, nos braços de alguma das esposas de muitos homens. O dia irrompeu pela fresta da porta. Ele vestiu-se, saiu e foi trabalhar. E protelou a decisão por mais uma noite, duas semanas, três meses...E sua mulher fez bolos, quitudes, mudou o corte de cabelo, trocou de amante, mas ainda assim o marido não a queria mais. E a vida seguiu!
Ele a olhava com impassibilidade, mas uma chama lhe queimava as entranhas. Não amava mais aquela mulher. Sentia uma certa pena ou seria ternura branda? Não sabia explicar, mas há muito não tocava suas carnes roliças e afogueadas. -Não...não a imagino mais sussurrando palavras de desejo...nem arfando sobre mim...O tempo passou e nós não nos demos conta!
E dia após dia ele seguia para o trabalho e pensava naquela situação capciosa. Precisava dar um basta, mas não queria destruir aquela que fora sua companheira por anos. E, mais uma noite, retornou ao lar, tomou sua sopa, assistiu às tragédias mundiais na televisão e se recolheu. Mas nesta noite não conseguiu dormir. Ruminava pensamentos sobre como abandonar aquela mulher. Levantou-se. Foi até a janela e sentiu o frescor da madrugada. Não hesitou diante do fragmento que lhe veio na mente. Reuniu uma muda de roupas e saiu. Encaminhou-se a uma das casas de tolerância mais conhecidas da cidade. Deleitou-se com as mercadorias expostas. Preço salgado, benefício grande. E dormiu feito um bebê, nos braços de alguma das esposas de muitos homens. O dia irrompeu pela fresta da porta. Ele vestiu-se, saiu e foi trabalhar. E protelou a decisão por mais uma noite, duas semanas, três meses...E sua mulher fez bolos, quitudes, mudou o corte de cabelo, trocou de amante, mas ainda assim o marido não a queria mais. E a vida seguiu!
