O silêncio

Tem silêncio bom e silêncio triste.

O bom é quando em meio a loucura do mundo a gente consegue encontrar uma ilha de paz.

É aquele distanciamento necessário que objetiva a concentração de energias para realização de algo maior.

É o descanso do falatório inútil, é se permitir um minuto de encontro verdadeiro consigo.

O triste é aquele que fere de morte. Faz manifestar a dúvida. Tira o sono. Abre espaço para conclusões mil. É o não saber.

Quisera não sofrer com esses vazios, os buracos negros e triângulos das bermudas da alma.

O outro é um continente pouco explorado. É o clichê da caixinha de surpresas, um arcabouço de histórias e visões de mundo, um universo sem fim.

Juntos, o outro e o silêncio formam um quadro abstrato, que guarda sentido somente em si.

Esse quadro fica lá exposto ao olhar público, mas se camufla num véu de vazio.

Não compartilha, não dá margem a interpretações, não conta nada sobre si.

Quem está em volta se esforça para decodificar o sentido da obra, sem sucesso.

Mil anos se passam, o ícone permanece, mas as versões mudam. E assim será...

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