Latência

Ele rodou de carro por longos momentos. Não havia como precisar as horas. As ruas passavam pelo casal como meras coadjuvantes, servindo como válvulas de escape visuais para a contenção do nervosismo de ambos.
Era noite. Quente, a penumbra invadia seus corações, que batiam aceleradamente.
Tudo era intenso: a calidez do verão, as peles querendo se tocar, o suor escorrendo pelos rostos e as pernas se aproximando...
No rádio, uma canção sem importância frente às emoções contidas, tocava, transpunha os ouvidos, mas não calava a alma.
Tudo era tenso e não havia palavra que explicasse ou acalmasse os ânimos.
Os corpos gritavam pelo que as emoções já conheciam. Um ansiava pelo outro de maneira inquestionável. E assim foi. Os lábios se tocaram e o mundo se transformou. A melodia cessou, então, e o único som evidente era o do ritmo descompassado dos corações, em meio à escaldante temperatura e ao silêncio das estrelas.

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